Dando continuidade aos conteúdos da série de Júri Cosplay, hoje vamos apresentar as 10 principais informações sobre julgamento de concursos cosplay, pois ainda existe muita dúvida e desinformação sobre esse tópico.
Essas 10 informações são simples, e até mesmo básicas, mas muito importantes para atuação como jurado cosplay em qualquer banca que o cosplayer venha a ser convidado a compor, e para que o participante inscrito na competição fique ciente do funcionamento dessa atividade.
Esse é o cenário: Vai ter um concurso cosplay, quero participar e sei que serei julgado. O que preciso saber?
1. Como faço para participar e acertar na inscrição?
Este pode é um passo muitas vezes não levado tão a sério por ser óbvio demais. Mas a ideia é acertar todos os passos, para garantir o melhor resultado no concurso.
Aqui é preciso ficar atento à divulgação das inscrições. São online? Presenciais? Alguém pode fazer por mim?
Tudo isso consta no regulamento do concurso cosplay, que não só precisa ser lido, como estudado. Quanto maior for o concurso, geralmente mais complexas são as regras.
Crie o hábito de separar as informações chave dos regulamentos criando uma lista para ir respondendo e checando se enviou e fez tudo para sua inscrição ser bem sucedida.
E porque ao se inscrever corretamente para o concurso é essencial no processo de julgamento? Você pode ser desclassificado sem nem ser julgado ou nem mesmo ser autorizado a entrar no palco. E às vezes as decisões estão fora das mãos dos jurados.
2. Quem são os jurados?
O jurado é convidado para julgar e, geralmente, são cosplayers que ou são referência na comunidade que atuam, figuras públicas, cosplayers mais antigos ou convidados que possuam alguma outra relevância.
Não, eles não precisam ter necessariamente experiência com júri, pelo menos não atualmente, e usam suas habilidades e experiências para exercer o papel. É importante que os jurados, independente da experiência, leiam o regulamento do concurso que irão julgar para saberem como deve atuar.
3. Como serei julgado?
No processo de julgamento, o jurado vai julgar o cosplayer nos desfiles com base na referência! Seja na categoria Tradicional, seja na categoria Versão, caso exista. Ou seja, use a referência a seu favor!
A referência vai guiar o julgamento no quesito fidelidade, o quão parecida sua roupa está da original, mas sempre lembrando que baseado com o que o jurado tem nas mãos naquele momento. Também será julgado o critério acabamento, que verifica se as roupas e acessórios foram bem executados.
Caso exista a categoria Versão, que é uma categoria onde o participante cria uma versão original de um personagem, ele será julgado pela originalidade do design, mas sempre baseado na referência do original.
Nas apresentações, o cosplayer pode ser julgado pela referência, mas também entram critérios de performance, presença de palco, sincronização com áudio, etc.
Lembrem que o julgamento é pra ver quem é o melhor naquele dia e com base nas referências apresentadas, e não o pior. A mentalidade é assumir que os competidores entram com suas melhores versões e que são descontadas as pontuações nos quesitos que não acompanhem a referência.
4. Como usar a referência a meu favor?
A sua referência deve ser construída pensando no jurado. A ideia é que a referência ajude o trabalho de verificação do júri com as imagens que representem a realidade do seu cosplay. Procure as versões certas, com cores, acessórios, detalhes que existam no seu cosplay. Não perca pontos porque usou uma imagem não coerente com o que você apresenta no palco.
O mesmo vale para as referências para a categoria Versão. Mostre de onde vieram as inspirações baseado no personagem original, conte uma história para o jurado entender a sua criação.
A referência pode ser mais fácil de montar caso seu personagem tenha boas imagens de vários ângulos, mas caso não exista essa facilidade, sua folha de referência pode ser uma montagem de imagens que contenham todos os detalhes que você precise mostrar.
Dica: Caso a referência precise ser entregue impressa, use a mesma impressora para levar a referência para comprar tecidos e para entregar para os jurados, assim você vai estar com tudo na cor certa para o concurso.
5. Quais os critérios de julgamento?
Aqui serão abordados os critérios gerais de julgamento, mas é importante lembrar que cada concurso vai possuir suas particularidades, por isso é importante ler o regulamento de cada um deles.
Na categoria Tradicional, os critérios mais comuns são Fidelidade e Acabamento:
Fidelidade: Nível de proximidade que seu cosplay apresenta com relação à referência. Quanto mais parecido, mais pontos você ganha.
Acabamento: Se sua roupa e acessórios estão bem feitos, bem acabados. São observados fio solto, costura desmanchando, perucas bagunçadas, maquiagem faltando, pintura falhada ou craquelando. Quanto melhores as técnicas executadas, mais pontos.
Na categoria Versão, os critérios mais comuns são: Originalidade e Acabamento
Originalidade: O quão criativo sua adaptação foi do personagem. Quanto mais inovador em questão de design ou execução da sua ideia, mais pontuação.
Acabamento: Segue os mesmos princípios da categoria tradicional. Quanto melhor executada a ideia, mais pontos.
As categorias de apresentação seguem os mesmos critérios de avaliação dos desfiles caso as roupas e acessórios sejam avaliados na apresentação e acrescenta-se a nota de performance.
Performance: Esse critério terá suas diferenças em cada concurso, mas de modo geral avalia uso e posicionamento de palco, sincronização com o áudio, coerência com a mídia original, criatividade, montagem no palco, etc.
6. Como funciona o relacionamento entre o júri?
Primeiramente, o júri deve estar ciente igualmente do regulamento e seus deveres que serão passados pela organização do evento.
O momento do julgamento é de concentração total, pois tudo acontece muito rápido e no máximo acontecem alguns comentários entre eles de “gostei”, “difícil”, “bonito”, e comunicação com o cosplayer se deve virar, chegar pra frente ou pra trás e se está liberado para sair.
Já no momento da apuração é que acontecem as discussões. Depois que o júri ou o evento fecham as notas e chega-se ao pódio, podem existir discussões sobre as notas, questionamentos entre um jurado e outro e a própria organização, preservando a imparcialidade e a ética.
7. Quais as verdadeiras obrigações do jurado?
- Ler as regras e estar ciente e com dúvidas tiradas sobre o sistema avaliativo daquele determinado concurso antes do concurso acontecer.
- Ter boa vontade e gostar da atividade. Não aceitar a não ser que queira realmente exerce-la.
- Ser ético
- Ser imparcial
8. Por que o jurado precisa ser imparcial?
O jurado está sob um sistema de regras do concurso determinado e deve segui-las sem favorecer ou desfavorecer nenhuma parte do processo. A ideia é se certificar que o julgamento ocorra da melhor forma possível respeitando o regulamento e os participantes.
A imparcialidade é a chave para ser justo seja durante as apresentações, apurações e possíveis interações fora do concurso.
9. Ética
A ética é uma construção pessoal que norteia o caráter do indivíduo ou grupo ao cumprirem seus deveres dentro do contexto que está inserido.
É importante lembrar que cada profissão e atividade possuem seu próprio código de ética. Será que existe um código de ética cosplay ou do jurado cosplay? Existe de forma conceitual, mas que tal se criássemos um escrito?
10. Interesse na atividade
Na atividade de julgar um concurso cosplay é necessário que o jurado queira e entenda sua responsabilidade e seu papel.
Parece óbvio, mas é preciso primeiramente querer participar pela atividade em si e não apenas por destaque, currículo, fama, etc.
Geralmente o jurado irá julgar colegas e amigos, pessoas conhecidas da sua comunidade ou que o conhecem e admiram. Então é imprescindível respeito e cuidado com ações e atitudes. Cuidados morais e o uso da imparcialidade e ética.
Os Concursos Cosplay fazem parte do ecossistema da comunidade e precisam ser levados a sério, por isso não é pedir muito quando falamos de interesse na atividade.
Como vimos na matéria sobre Qual o valor de um jurado cosplay?, a atividade de júri tem seu valor e importância, então assim como temos cosplayers especializados em desfiles, apresentações, costura, fotos profissionais, produção de conteúdo, por que não cosplayers especializados em júri, que realmente gostem e se interessem pela atividade?
Texto escrito em Maio de 2022 pela jornalista Kiki Bélico. Foto de capa por Mega Hero.
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